A 31 de outubro, mesmo a tempo do Halloween, o Prime Video lançou Apocalipse Z: O Princípio do Fim (título original Apocalipsis Z: El principio del fin), um filme de terror espanhol baseado no romance homónimo (o primeiro de uma trilogia, caso te perguntes se haverá sequelas) de Manel Loureiro. Não confundir com En fin, uma série dramática também espanhola no Prime Video e também centrada numa imensa tragédia (nesse caso mal sucedida) que atinge o mundo.

Em vez disso, se não conheces o livro de Loureiro e queres fazer uma comparação para perceberes de que tipo de história se trata, podemos dizer que Apocalipse Z faz lembrar um pouco os cenários de The Last of Us, ou mesmo I Am Legend. Aqui também, resumidamente, há um vírus que transforma as pessoas infectadas em monstros famintos pelo sangue de outras pessoas para infetar (e/ou matar). Mas se queres saber mais, vamos continuar esta análise com um resumo do enredo do filme, e depois damos o nosso, como sempre, muito sindicalizado veredito.

Sobre o que é Apocalipse Z

A personagem principal é Manel, que tem o nome do autor do romance. Manel vive em Espanha, na Galiza, e depois da trágica morte da sua amada mulher Júlia, a única companhia que quer é a do seu gato Lucullus, que tem o nome da fome que partilha com o famoso general romano.

Um dia, cerca de um ano após a morte de Júlia, surge a notícia de um temível vírus que, a partir da Rússia, se está a espalhar por todo o mundo. Note-se que o livro de Loureiro é de 2008, mas quem já viveu a Covid-19 sabe muito bem que - sobretudo nos filmes de terror - não haverá qualquer intervenção governamental ou médica, acabando o vírus por se espalhar na mesma.

Quando a pandemia ainda não se instalou em Espanha, a irmã de Manel, Belén, convida-o a juntar-se a ela e à família nas Ilhas Canárias, onde o governo e a coroa espanhola se refugiam e onde o marido de Belén, um militar, vai operar. Mas quando, no dia seguinte, Manel está prestes a embarcar para Las Palmas, é demasiado tarde: todos os voos foram cancelados e o exército está a reunir a população em “locais seguros”.

A conselho da irmã, Manel não é encontrado quando o vão buscar para o levar para um desses centros, e assim começa a sua luta solitária pela sobrevivência. O seu objetivo é chegar à Gran Canaria, mas claro que terá de escapar às hordas de infetados que agora enchem as ruas. E estes não são os únicos perigos a que tens de estar atento, mas não dizemos mais nada para não estragar: no final do artigo encontrarás o trailer oficial de Apocalipse Z: O Princípio do Fim.

Porquê ver Apocalipse Z

Como referi, a ideia por detrás desta história não é das mais originais. Há um vírus que leva ao extermínio da raça humana e, entretanto, os infetados transformam-se em mortos-vivos sedentos de sangue e de novas pessoas para infetar. E há o protagonista, um homem com um trauma no passado que ainda mantém um pouco de humanidade e esperança no futuro, graças também à presença de alguém ao seu lado: em The Last of Us há Ellie que anima Joel, em I Am Legend Will Smith andava com um cão, aqui há um gato que mia nos momentos mais inoportunos.

Mas, por outro lado, a parábola do sobrevivente que escapa à morte é tão antiga como o tempo, e não é certamente pela originalidade da premissa inicial que um filme como Apocalipse Z pode ser julgado. Em vez disso, deve ser julgado pela sua capacidade de manter o público em suspense, e nesse sentido este filme espanhol funciona muito bem.

A viagem de Manel, à medida que vai conhecendo novos amigos e novos inimigos, mantém o nível de tensão elevado até ao fim (e esperamos que haja uma sequela). Graças a uma realização com o rigor certo, a uma galeria de personagens com as quais é fácil simpatizar e, em geral, a uma história que, para além da suspensão da descrença que os filmes de terror exigem por definição (mesmo que um arrepio de realidade nos percorra a espinha quando ouvimos falar de uma pandemia), é tão bem interpretada e escrita que parece real.

Por isso, no Halloween ou em qualquer outra noite do ano, apetece-nos dizer que Apocalipse Z é uma ótima escolha para umas horas de alta tensão.

Avaliação: 7,6